quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Carolina goes to work

Carol e as caixas
A volta ao trabalho sempre é um dos períodos mais tensos para a mãe e a criança.  Para a primeira, pela insegurança de deixar seu bebê nas mãos de estranhos, somado a uma carência descomunal que a gente nem sabia que existia.  Já para criança, é o sinônimo de independência, de pessoas novas, experiências e novidades.  Se for igual a minha Carolina, isso quer dizer: não tô nem aí que você voltou a trabalhar, quero mais é brincar.
A minha volta ao trabalho foi no mínimo tensa.  Apesar de toda a minha empolgação em encontrar os colegas e me sentir útil de novo, comecei em uma nova área com uma nova equipe, que precisou 100% da minha atenção.  Não da parte deles, diga-se de passagem, mas da minha em aprender e entender tudo que aconteceu nos últimos 5 meses, além de todos os novos conhecimentos necessários para o desafio que eu assumi.  Se eu pudesse escolher estar em qualquer empresa / cargo agora, juro a vocês que não trocaria o meu por nenhum outro, porém quando você coloca uma criança recém nascida neste mesmo contexto, a coisa começa a complicar e você começa a se questioner se realmente vai dar conta. Honestamente, o estilo de vida bat-mãe-executiva é, sem dúvidas, mais difícil do que eu pensava.
Com o surto de catapora na escolinha de Carolina, eu e meu marido tivemos que nos virar nos 30 para conseguir manter a neném em casa, longe dos coleguinhas cataporentos.  Isso resume-se a acordar de madrugada para ir trabalhar, conseguir sair a 16h da tarde para encontrar a neném, trabalhos home office, e quando não tiver outro jeito, BGW, ou seja Baby Goes to Work.  Sim meus amigos, levei Carolina comigo para o trabalho.  Juro que essa foi a última alternativa, apesar de todo mundo ficar doidinho para que isso acontecesse.
Pois bem, cheguei no trabalho cheia de tralha – carrinho, bebê conforto, brinquedos, sacolas e, claro, um bebê no colo.  Enquanto todo mundo vinha ver, carregar e brincar com Carol, eu fiquei 100% tensa com medo de algum diretor chegar e me dar um “pito”(gíria de meu marido) por ter um bebê na empresa. Em quase cinco anos nunca tinha ouvido falar de um neném passar a tarde no escritório e passei o tempo todo esperando alguém falar que era coisa de baiano. Eu até pensei em fazer um crachá para ela, para tentar amenizar a situação, mas não aceitaram.  Não entendi o porquê. J   Carolina está na fase de resmungar e emitir sons que só ela entende, e a cada gritinho ou som que ela fazia, eu corria e falava “shiii filha”, enquanto meus colegas riam e falavam “ai que bonitinho”.  Ou seja, moral zero.  Quando o diretor chegou no andar, minha filha estava circulando nos braços de sei lá quem, ou seja, já tinha tomado conta de todo o andar. E no momento que eu pensei que vinha o tal pito, veio foi o diretor com minha filha no colo, brincando e falando para todo mundo que ele sim sabia carregar um bebê (ele tem uma filhinha de 10 meses).  Para resumir, Carolina dominou a empresa no período que ficou por lá e se sentiu tão a vontade que fez seu cocô diário na minha mesa de trabalho.  Faz parte.
Apesar da ida de Carolina ter sido uma farra para todos que estavam na empresa, eu passei a tarde toda tensa, preocupada com ela e com os outros.  O medo dela chorar e atrapalhar alguém era tanto que eu não conseguia me concentrar direito no trabalho.  Ao mesmo tempo, eu não consegui dar muita atenção a ela, porque tinha tanta coisa para fazer, que acabava deixando-a no bebê conforto brincando com a própria mão.
mamãe chegou!!!
Com o passar dos dias, as coisas foram se arrumando e eu não precisei mais levar  Carolina ao trabalho, apesar dos pedidos dos colegas.  A insegurança diminuiu um pouquinho e a carência ficou mascarada pela empolgação do trabalho, porém a vida de bat-mãe-executiva não me deixa descansar um só minuto.  A mente ainda não entendeu que não é para se perder em fotos da neném durante o trabalho nem para checar o blackberry enquanto ela está ao meu lado…  O que eu posso afirmar é que, enquanto eu estou lidando com inúmeros sentimentos dúbios, minha filha descobriu o seu primeiro: a saudade. Toda vez que eu chego em casa, assim que ela me vê, abre um sorriso banguela tão grande que neste momento eu tenho certeza que eu sou a mulher mais sortuda desse mundo!!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Correndo da Catapora

Quando uma família decide se coloca ou não seu filho em uma escolinha, o que mais se leva em consideração são as famosas doenças infantis.  Assim que matricula, a mãe já pode comprar 50 vidros de Kwell para piolhos, 34 vidros de xarope expectorante e 24 caixinhas de Tylenol baby, só para garantir.  No meu caso, eu não cheguei a comprar toda essa quantidade de remédios por mais hipocondríaca que eu seja, mas já estava psicologicamente preparada para Carolzinha pegar sua primeira gripe graças aos coleguinhas amiguinhos catarrentos.
Catapora?! Prefiro a Julia...
As primeiras semanas na escolinha foram ótimas.  Sem modéstia nenhuma, minha filha encantou a todos por ser bem comportada, sorridente e tranquila.  Eu fiquei indo na escola todos os dias para amamentar e posso dizer que estava feliz em ve-la com os outros bebês.    Até o dia que recebi um comunicado que estava tendo surto de Catapora na escolinha.  Piolho, catarro e espirro eu estava preparada mas bolinhas que coçam no corpo todo é demais ne?!?!  Entrei em desespero: minha filha descobriu outro dia que tem duas mãos, como ela iria lidar com o coça-coça da catapora???  Ela é muito pequenininha!!!!  Sem contar que hipocondríaca que sou, eu já começei a imaginar o pior: minha filha tendo que ir ao hospital, e eu sem saber como chegar ao hospital, enfim.  Meu marido tentou me acalmar dizendo que eu estava surtando, mas não teve muito sucesso.  Após uma noite mal dormida sonhando com minha filha cheia de bolinhas e uma troca de SMS com meu pediatra (veja que considero ele meu pediatra, e não da minha filha), decidimos deixar a neném em casa até o surto passar.  Mas ai vem a dúvida: quando passa um surto de catapora?  Ligando na escolinha, descobri que todos os 5 infelizes que estavam doentes já tinham ido para a casa, mas como é que iriamos garantir que o virus ainda não estivesse dando um rolé pela escola?   De acordo com meu pediatra, o surto é na cidade de São Paulo, ou seja, qualquer criança pode estar com o virus e passar para outra sem nem saber.  Ai começou meu momento desespero número 2: o que fazer para proteger minha bebê?  Trancá-la em casa?  Até quando???? 
A verdade é que quando você vira mãe, você acha que tem que proteger sua filha de tudo e de todos.  Saber que existe uma possibilidade de sua filha ficar doente, ou sofrer, automaticamente nos dá o direito de tomar qualquer atitude para protégé-la.  Mas sera que devemos proteger nossos filhos de tudo realmente?  Neste caso, como eles vão ganhar aticorpos para os desafios que a vida com certeza vai apresentar?  Não me entendam mal, minh filha vai ficar de quarentena em casa até novembro (tenho um compromisso importantisso em Salvador em novembro e não vou correr o risco dela ficar doente até lá), mas por outro lado, não podemos deixar de viver usando a proteção como justificativa.  Na escola ela estava evoluindo muito, se desenvolvendo e principalmente, interagindo com outras pessoas.  Não vou abrir mão disso por medo que minha filha pegue piolho (se bem que piolho só daqui a alguns anos, porque ela é carequinha, carequinha).  Em um grupo de crianças você sempre vai ouvir uma tosse de alguém.  Mas também vai ouvir muita risada, histórias e brincadeiras.  É isso que importa.  Quero que minha filha cresca cercada de pessoas, mesmo que para isso, precise tomar um remédio de vez em quando.

sábado, 8 de outubro de 2011

Vovós

Esta semana, minha mãe e minha madrinha vieram nos visitar.  Na verdade, elas vieram acompanhando um grupo da empresa de minha mãe (minha tia veio de estagiária) e ficaram aqui 4 dias.  Para variar, foi um período regado de muita risada, conversa e compras!!!  Um parênteses para destacar a capacidade das duas de comprar.  A impressão que deu foi que as lojas desenvolveram produtos EXCLUSIVOS para elas, e que se não levassem seria uma afronta, para não dizer ofensa.  Acabei cedendo e as acompanhei por algumas horas, resultado: não é que as lojas desenvolveram coisas para mim também?? Realmente a Oscar Freire e o Pari são surreais.  Um, por sua beleza e qualidade, já a outra pela varidade e preço (me identifiquei bem mais com a Oscar Freire, mas meu bolso preferiu o Pari mil vezes). Para quem não conhece, o Pari é uma 25 de Março arrumadinha.  
O principal dessa visita não foram as compras (por incrível que pareça!!), e sim a convivência de todos nós nestes quatro dias (sem esquecer meu maridinho). Durante a estada das garotas aqui, Carolina se esbaldou.  Era colo o tempo todo, brincadeiras, músicas, tudo que ela tinha direito.  As avós não a deixava quieta um só minuto, e toda risadinha ou som que ela emitia era motivo para os ahhhhhs e ohhhhs.  Teve um dia que minha tia foi colocar Carolina para domir junto com ela na cama e ela ficou deitadinha, encostada no travesseiro e tudo, sem dar um pio, observando minha tia cantar…  No caso de minha mãe, acho que Carolina já reconhece a voz dela.  É só ela chegar dizendo "oi vovó!" que a neném abre um sorrisão banguela.  E para aqueles que acham que não, que é só reflexo da criança, afirmo que ela faz isso TODA vez que minha mãe fala, sem exceção.  O bacana é o ciuminho que rola entre as duas – minha mãe e minha tia.  Pela proximidade que eu tenho com minha tia, chamo ela de vó de Carolina também, afinal ela é minha segunda mãe.  Tinha horas que minha mãe ficava brincando “A avó sou eu, viu Carolina?!!? Essa aí é postiça!!!”  e minha dinda, só para sacanear dizia: “ela não sabe quem é quem…”  Vovó Aninha e Vovó Quequea, se eu deixar, vão estragar minha filha de tanta mimação.
Nesse tempo todo que elas ficaram aqui, eu fiquei pensando como seria a convivência de Carolina com a família no futuro.  Será que iremos conseguir uma convivência digna de família?  A única coisa que me vem na cabeça é quanto tempo ela vai ficar sem encontrar os tios, bisa, os avós, as irmãs… e que provavelmente vai crescer sem essa convivência diária. Será que ela vai estranhar no futuro?  Se for assim, vai estranhar todo mundo?? Ou será que ela vai achar que as irmãs moram no computador???  Hoje, a maioria dos meus amigos vivem como eu, afastados de seus familiares, e com certeza criarão seus filhos na ponte aérea como Carolina.  Por outro lado, Carolina está chegando em um mundo online, na qual tudo pode ser feito touchscreen. Como será a criação desta menina?  Será que eu consigo ser iMãe?
Vovó Quequea, Carol e Vovó Aninha
O que minha filha ganha ou perde nesta história?  Sem dúvida o convívio com a familia é essencial e ajuda inclusive a moldar a pessoa que ela será um dia. Mas na loucura desse mundão, vamos ter que encontrar soluções para driblar essa distância, agregando para ela o melhor dos dois mundos.  Eu, por exemplo, faço um videozinho todo dia das peripércias do bebê e mando para os familiares.  Assim, espero que eles consigam acompanhar um pouquinho o desenvolvimento da minha pequena.
Agora já a saudade, só a Gol, TAM e Avianca ajudam. No ultimo dia de minha mãe e minha dinda aqui, levamos Carolina para a creche antes delas irem ao aeroporto.  Na hora da saída, foi um chororô só…. Cheguei lá toda feliz apresentando minha mãe e minha tia a todo mundo da creche, para depois as duas ficarem parecendo as criancinhas da escola, chorando de se acabar.  Como dizia meu pai, minha mãe chora quando alguém vai para Feira de Santana, quanto mais sabendo que ia ficar um mês sem ver Carol.   Mas família, é isso.  Aceitar as diferenças (eu não choraria se alguém fosse para Feira de Santana), as semelhanças (mas com certeza ainda vou chorar muito na escolinha) e procurar soluções para ficarmos juntos, sempre.

sábado, 1 de outubro de 2011

And Carolina goes to school...

E finalmente chegou o tão esperado dia: primeiro dia da minha filhota na escolinha.  Antes que perguntem o porque de minha filha ir para a escola antes do meu inicio no trabalho, explico:  A pedagoga da escolinha sugeriu que fizessemos um periodo de adaptação de mãe & filha, para que, quando eu voltasse a trabalhar, as duas já estivessem acostumadas com essa nova realidade.  Reforço que foi sugestão da pedagoga e não minha, então nada de achar que eu quero me livrar da criança, ok!?   Não vou negar que eu estava um pouco na expectativa para que esse dia chegasse logo. Acho que era uma mistura de medo e curiosidade para saber como eu ia me sentir e como minha filha ia se comportar.  Na verdade, a ida para a escola já é o ponta pé inicial para a retomada da minha vidinha antiga (dada as suas devidas proporções), então de certo modo, isso me dá uma animação. 
Pois bem, lá fomos nós para escola.  O legal é que a escolinha é na esquina da minha casa, o que me permite ir a escola amamentar Carolina a cada três horas, mantendo a rotina de alimentação da pequena.  Neste periodo de adaptação, Carolina vai ficar na escola a prestações, ou seja, no primeiro dia ficou só uma horinha, no segundo duas, e assim por diante….
Ao chegarmos na escola, fomos recepcionados pela pedagoga, que muito gentilmente me explicou mais uma vez todo o processo de adaptação, para me deixar o mais tranquila possivel.  Confesso que cheguei super tranquila, sem maiores preocupações e apreensões, até o momento que a tia do berçario pegou minha filha no colo e saiu pelo corredor (ela vez isso super carinhosamente, mas aos olhos de uma mãe parecia o demônio) Nossa Senhora… qualquer depoimento que você escute sobre este momento é pinto, comparado com a sensação de ver sua filha sendo levada por uma desconhecida, assim, na sua frente.  Meu coração apertou tanto, mais tanto, que suspeito que metade da minha energia foi embora ali, já que a noite eu estava acabada de não fazer nenhum esforço.   Passado esse momento inicial, segui minha filhota até o berçario em si, para ver como ela ia se comportar, e posso dizer que ai sim,  meu coração  se acalmou um pouco.  Acalmou porque logo vi a tia brincando com Carolzinha no solarium (uma varanda a céu aberto, cheia de brinquedo colorido que minha filha já começou a analisar com seus grandes olhos azuis), e vários outros bebezinhos, do tamanho dela, felizes da vida descobrindo alguns chocalhos. 
Se eu me acalmei quando vi Carolina brincando no berçario, a própria estava a mil por hora.  Olhava tudo, pegava tudo, parecia que estava analisando todos os detalhes para que no minuto que começasse a andar, já soubesse aonde iria pegar o que.  Ficou no berçário com a tia sem nenhum problema e parecia que estava em casa (muito dada essa criança).  Basta dizer que na hora de pegá-la, tive que esperar mais de 30 minutos, porque a pequena tinha dormido tranquilamente…
Após esta semana de adaptação, posso afirmar uma coisa: eu e meu marido fizemos a escolha certa:  A tia (o nome dela é Nadjla, diga-se de passagem) fica com a minha filha o tempo todo, brincando, estimulando, colocando para dormir, enfim, dá uma atenção única e exclusiva para ela, muito mais do que eu conseguiria dar no dia a dia daqui de casa  O único problema agora sou eu, que fico que nem uma barata tonta sozinha em casa. Apesar de ter uma porrada de coisa para fazer, ainda não consegui me organizar com tanto tempo livre! Acho que vou mandar meu currículo para a escolinha.  Quem sabe não abre uma vaga no berçário?